4 de abr. de 2023

Rony Meisler
Quando me perguntam como mantemos o ritmo de inovação na nossa empresa, eu mando o texto abaixo. Eu o escrevi, inspirado em uma história, parcialmente verídica, que vivemos.
Um dia nossa chefe da área vitrines me sugeriu que todas as nossas vitrines fossem pintadas de amarelo e me disse ter certeza absoluta de que se isso fosse feito nós venderíamos mais. Perguntei quanto custaria e ela me falou que custaria algumas centenas de milhares de reais.
Daí dei a ela o seguinte conselho: “E se, ao invés disso, de agora em diante, antes de me pedir a grana ou mesmo me dar a ideia de pintar todas as vitrines de amarelo, você ligasse para uma marca bacana de tintas e pedisse para eles fazerem um baita desconto na compra da tinta e o nosso time de vitrine se reunisse para pintar a loja que menos vende na rede? Dê ao pessoal da marca de tintas, em troca do desconto, a promessa de que, caso o experimento dê certo, compraremos deles toda a tinta necessária para pintar todas as vitrines da rede.”
Ela foi lá e fez. A loja dobrou o faturamento em muito pouco tempo. Me trouxe o resultado do experimento e não deixou nenhuma dúvida na hora de assinar o cheque para pintar as demais vitrines.
Isso é inovação pura. Inovação, ao contrário do que diz o senso comum, não é tecnologia. Inovar significa resolver o problema das pessoas. E nem sempre, quase nunca eu diria, a solução para os problemas é tecnológico. A matéria-prima da inovação não é a tecnologia, mas a audição.
Quanto mais você escuta aqueles que mais importam, os clientes, mais problemas deles você vai conhecer. E, por consequência, mais ideias de solução para esses problemas você terá. A inovação é o processo de construção dessas soluções, que podem dar certo ou não e, por isso, devem ser testadas antes.
Para minimizar os riscos, a empresa que decide inovar precisa testar a solução, fazendo com as próprias mãos, trazendo parceiros para testes de baixo custo - antes de deslanchar maiores investimentos.
E então, garanto, quando a tese estiver comprovada, ela falará por si e o investimento virá na mesma proporção dos bons resultados num “looping” gerador de valor. Tem gente que gosta de chamar esse teste de MVP, mas eu gosto de chamar de teste a custo baixo mesmo.
Reparem que até aqui eu não citei nem uma linha de código ou qualquer produto digital. Eu pura e simplesmente estou me referindo à pintura de uma vitrine. Isto posto, é importante dizer que a inovação não é um departamento ou uma área de negócios. Inovação é um “mindset” que deve fazer parte da cultura da companhia e de todos os departamentos - do mais operacional ao mais digital.
Eu adoro esse exemplo da vitrine amarela. E toda vez que alguém vem me perguntar sobre como inovamos tanto ao longo dos anos eu envio esse exemplo porque ele é tão simples quanto a explicação deveria ser. Simplicidade é complexidade bem resolvida.
O momento é de incerteza econômica em nosso país e de possível recessão global. Portanto, lembre-se de um problema que a humanidade viveu “há muitos anos atrás” o covid-19. Lembra que, então, nós aprendemos que são em momentos de dificuldade macroeconômica que moram as maiores oportunidades para aqueles que têm na inovação um “mindset”?
É momento de lembrar de como, “naquela época”, mesmo em meio ao caos humanitário que vivíamos, no trabalho nós fomos mais “hands on” do que nunca e pintamos, dia após dia, lindas vitrines amarelas.
Que esse artigo seja a sua tinta amarela.
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