1 de abr. de 2025

Rony Meisler
Varejista não tira férias. Ele faz viagem de pesquisa. Me peguei fazendo engenharia reversa da experiência de consumo de uma iogurteria. Observando a jornada e conversando com os atendentes para entendê-la melhor. Trouxe na mala de volta uma superlição que nesse artigo compartilho com o leitor.
Infelizmente, as iogurterias não pegaram. Mas são uma aula magna para quem se interessa por CX (Customer Experience).
Primeiro ponto: muita gente acha que CX é custo fixo de marketing.
Este varejista que vos escreve sempre viu CX como custo variável.
Diretamente ligado a vendas e margem. Muito mais do que ao custo da experiência em si. Se você pensa diferente leia até o final que te convencerei do contrário.
Caso não conheça, vou explicar como é a jornada numa iogurteria: não é o atendente que coloca o iogurte no copo. É o próprio cliente.
Ele escolhe entre dois tamanhos (pequeno ou grande), se serve na máquina e entrega o copo ao atendente.
O atendente, então, coloca os toppings que o cliente escolhe - antes de pesar.
Entendeu? Agora, vou traduzir o processo de CX para você. E farei isso com três grandes lições das iogurterias:
1. O cliente sente que o preço é responsabilidade dele.
Ao escolher o copo, o cliente pensa que, como vai se servir, o tamanho importa pouco.
Na maioria das vezes, ele escolhe o grande.
Ao tirar o iogurte da máquina, o copo se enche rápido, naquele formato espiral clássico.
Depois, ele escolhe os toppings. Já com pouco espaço no copo.
Como foi ele quem se serviu e escolheu os toppings, se achar caro, sente-se culpado.
Não a loja.
Dificilmente pensará em devolver parte do iogurte. Até porque sabe que iria para o lixo.
2. A experiência é desenhada para priorizar itens de alta margem.
O item de maior margem em uma iogurteria é o iogurte.
Margem bruta acima de 60%.
Por isso, ele vem primeiro.
A loja garante que o copo será preenchido principalmente com o item de maior margem.
Os toppings têm margens bem menores.
Ao colocá-los no fim - e em menor quantidade - a iogurteria garante dois ganhos:
Mais margem no produto final e melhor apelo visual.
Ao fim da jornada, ainda oferecem bebidas quentes ou frias.
Mais itens de alta margem antes de fechar o pedido.
3. Venda pela experiência, não só pelo produto.
Eu adoro a experiência de montar meu próprio iogurte.
É como criar um item do cardápio com meu nome.
Aliás, fica a dica para iogurterias, sorveterias, cafeterias ou “whateveria”:
Criem um cardápio digital com blends feitos pelos clientes.
Deixem eles divulgarem nas redes.
E comissionem com créditos para comprar mais iogurtes.
Para além de margem e técnica, eu adoro a jornada das iogurterias porque ela permite ao cliente customizar o seu produto e nada é mais poderoso em termos de felicidade do cliente do que isso.
É brilhante porque é ganha-ganha.
Ganha o cliente, que vive algo único.
E ganha a loja, com mais vendas e mais margem.
O exemplo arrasta: o caso aqui descrito é o melhor do CX, na minha opinião.
No mais: já tentaram decretar a morte das lojas físicas várias vezes.
Mas jamais conseguirão.
Por dois motivos:
1. A jornada do consumidor é híbrida.
2. Quando o assunto é experiência e customização, a loja física - e 6D - será sempre protagonista.
Se você nunca tinha olhado uma iogurteria por esse ângulo e curtiu a ciência por trás da experiência, anota aí:
Dá pra fazer um “copy & paste” disso em qualquer negócio, inclusive o seu. On ou offline. Levanta, pega o papel e o lápis e começa a rabiscar pra você ver...
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