6 de ago. de 2024

Rony Meisler
Quem não adota uma posição polarizada é frequentemente visto como “em cima do muro”
Vivemos em um mundo digital, que valoriza a aprovação rápida, em vez da sabedoria e da introspecção. Nesse cenário, a opinião se tornou polarizada, ignorando as alternativas que existem entre os extremos. Quem não adota uma posição polarizada é frequentemente visto como “em cima do muro”.
Grupos sociais concordam entre si, apenas pelo fato de fazerem parte do mesmo grupo e não por terem refletido sobre o assunto. Então a percepção se tornou mais importante do que os fatos, e a retórica prevalece sobre a história.
Isso também se reflete nas marcas e nos negócios, que muitas vezes se perdem em meio a essa nova dinâmica.
No livro “O Jogo Infinito”, Simon Sinek explica que jogos finitos têm jogadores conhecidos e objetivos claros, como no futebol. Tem hora pra acabar. Já os jogos infinitos têm jogadores conhecidos e desconhecidos, sem regras fixas ou linha de chegada. Exemplos de jogos infinitos são o casamento, a família e a educação.
A maioria das empresas se vê jogando um jogo finito, focando em resultados trimestrais e anuais. No entanto, algumas poucas empresas, movidas por um propósito maior, entendem que o jogo nos negócios é infinito. Ele nunca acaba. Então, dentro de um espectro de tempo maior, elas se concentram em melhorar a vida das pessoas, a reboque de seus negócios, e competem com elas mesmas, ao invés de com outras empresas.
A Nike, por exemplo, já cansou de nos provar que é uma empresa infinita. Entende a importância de, às vezes, sacrificar resultados de curto prazo, para inovar e alcançar grandes resultados no futuro. Mesmo quando a opinião pública prevê sua queda, a Nike continua a inovar, como fez agora com o lançamento do filme “Winning isn’t for everyone”, antes dos jogos olímpicos.
No filme, a Nike aborda a realidade que o mundo polarizado teme: a verdade.
Usando imagens de atletas como, Vini Junior, Lebron James e Serena Williams, a Nike narra um manifesto nos contando o que deveria ser o óbvio: Atletas de alta performance são obsessivos, irracionais e egoístas quando estão competindo. A frase “Am I a Bad Person?” (“Eu sou uma má pessoa?”) é repetida o tempo todo, nos fazendo refletir se deveríamos julgá-los como má pessoa por isso, num mundo onde a cada vez mais, a postura politicamente correta, é cobrada até mesmo em contextos onde não é cabida. É preciso muita coragem para dizer o óbvio para o mundo, que cada vez menos pensa para decidir.
A Nike, que já lançou inúmeras campanhas apenas fazendo o que considerava correto, como a do atleta Colin Kaepernick, continua a falar a verdade, sem direcionamento político específico.
Ao questionar se atletas competitivos são más pessoas, a Nike nos faz refletir sobre nossa própria realidade, julgamentos e sobre a superficialidade das generalizações contemporâneas, por pura pressão social.
A reação ao filme foi enorme, com opiniões polarizadas obviamente, mas a Nike sabe que marcas infinitas são medidas pelo impacto a longo prazo e não pelo imediatismo. Ela entende que a autenticidade não existe com unanimidade concomitante e que os diferentes são aqueles que são de verdade.
Eu vejo a vida melhor no futuro e vejo isso por cima do muro.
Just do it.
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