7 de mar. de 2023

Rony Meisler
Aqueles que perdem tempo só dissecando a concorrência, perdem a oportunidade de aprender com seus clientes. Em resumo: foco no cliente e não no coleguinha ao lado.
Dois livreiros começaram juntos em suas vidas profissionais e eram, com muito respeito sempre, concorrentes.
A loja de um ficava em frente à do outro. Um deles era criativo e empreendedor, enquanto o outro era um “copiador” profissional daquilo que o primeiro fazia.
O primeiro investia em fantásticos lançamentos de livros através de vitrines criativas, convites escritos à mão aos clientes, noites de autógrafos e “talks” com grandes autores. E a loja bombava de vender.
O segundo, poucas semanas depois, copiava o primeiro. E a loja vendia pouco.
O primeiro cuidava individualmente da relação com seus consumidores. Servia receita familiar e deliciosa de capuccinos, mandava cartas de agradecimento pela fidelidade e cartões-presentes nos aniversários dos clientes. Sua loja era venerada pela clientela e, por consequência, a recorrência de compra, muito acima da média.
O segundo tentava, de longe, observar e copiar o que ele fazia. E a loja, pela ausência de cultura verdadeira, não era disciplinada o suficiente para conquistar o coração da clientela.
Portanto, enquanto o primeiro prosperava na exata proporção de sua inovação e trabalho o segundo manteve-se a vida toda apenas copiando-o.
Décadas se passaram até que, cada um com 90 anos de idade, sentam -se em um mesmo banco de praça.
Naquele momento o primeiro possuía dezenas de lojas, havia criado sucessores apaixonados pela leitura e pelo cliente. Com eles, compartilhou a riqueza e o valor criado.
O segundo, com muita dificuldade, manteve sua loja, no mesmo lugar, de frente para a loja do concorrente, que aquela altura já ocupava um quarteirão. Ele seguia todos os dias abrindo e fechando a mesma loja, na qual atendia sozinho a todos os clientes.
E, então, cansado de tentar copiar sem sucesso o colega por toda uma vida, o segundo livreiro vira-se para o primeiro e faz a pergunta que sempre quis fazer: “Meu amigo, temos quase um século de vida. Passei boa parte de minha vida tentando copia-lo e acredito que eu tenha feito um bom trabalho. Entretanto, enquanto você criou uma linda cadeia de lojas, com uma comunidade apaixonada de leitores e colaboradores, eu não consegui ir muito longe. Eu não posso morrer sem saber o seu segredo. O que você fez que eu não fiz?”
E então, emocionado, o primeiro livreiro dá um abraço em seu colega, olha no fundo de seus olhos e responde com a serenidade daqueles que não competem com ninguém além de consigo mesmo: “Meu querido amigo, a resposta é muito simples e você deveria ter me feito esta pergunta há anos. Enquanto a sua loja nunca teve seus dois olhos, a minha sempre teve quatro olhos. Os meus e os seus, que só olhavam para a minha loja.”
Vivemos em um mundo de incertezas sócioeconômicas. Portanto me diga: Nesse momento, responda com sinceridade, quantos olhos tem no seu negócio?!
Aqueles que perdem tempo só dissecando a concorrência, perdem a fantástica oportunidade de aprender com seus clientes e melhorar progressivamente seus negócios. Em resumo: foco no cliente e não no coleguinha ao lado.
O bom empresário deve trabalhar com amor e resiliência. Concorrer apenas com ele mesmo, para ser melhor amanhã do que foi ontem. E não abrir mão de bons valores:
O sonho tem que ser bom e grande - não adianta um sem o outro.
A mente e os ouvidos têm que estar abertos - inovação não é uma questão de tecnologia; é uma questão de audição para escutar os desejos das pessoas e entregar soluções para elas.
O compromisso tem que ser tanto com as pessoas e com o meio ambiente como com resultados financeiros - aqui também não adianta um sem o outro.
No mais, como sugere a regra de um bom “copy”, encerro este artigo com uma frase de efeito: “Eles sempre poderão copiar o que você já fez, mas jamais poderão copiar o que você irá fazer.”
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