19 de jan. de 2024

Rony Meisler
Se não estamos vivendo como desejamos, estamos desorganizados demais. Tempo é uma questão de prioridade.
O Marcos Piangers é um sujeito brilhante e se você não o conhece deveria buscar conhecê-lo. Ele dedica sua vida não apenas a ser um bom pai, mas também a, por meio de suas experiências, tentar ensinar a todos nós sobre como podemos ser melhores pais.
Outro dia eu assisti a um vídeo dele na internet que me emocionou muito: ele reflete sobre o fato de que quando temos filhos pequenos, muitas vezes queremos que o tempo passe rápido e que aquela correria e cansaço passem. Só que, quando eles crescem, tudo o que queremos é que o tempo volte para que possamos aproveitar mais dessa maravilhosa fase da vida.
E então ele propõe que, ao pensarmos a infância de nossos filhos, quantifiquemos o tempo não mais em anos, dias ou meses, mas em experiências e numa emocionante narrativa nos confronta com os fatos para nos convencer a viver todas essas experiências como se fossem as últimas:
Você provavelmente terá apenas 12-15 férias que seus filhos (as) vão querer passar contigo e não com os amigos, 7-10 apresentações de final de ano, uma saída para ensiná-los a andar de bicicleta, 20 dentes de leite que cairão, uma formatura da escola e outra da faculdade, 650 domingos de pizza em família etc. O vídeo me provocou a pensar o tempo através de experiências não apenas com meus filhos, mas também para tudo aquilo que é importante na vida.
Assumindo que possuo uma vida privilegiada, exagerarei aqui ao supor que viverei até os 90 anos de idade. Tenho 42 anos, me restam 48, e, portanto, já vivi quase 50% do tempo que eu terei de vida.
Sou casado com a melhor e mais linda mulher do mundo. Costumamos fazer uma maravilhosa viagem só nós dois, sem filhos, uma vez por ano para namorar. Teremos, portanto, apenas mais 48 viagens pela frente.
Tenho os melhores pais que a vida poderia me dar e costumamos sair para jantar em família uma vez por quinzena. Meus pais têm 70 anos e, também assumindo que viverão até os 90 anos, teremos apenas mais 480 encontros.
Eu sou louco no Vasco da Gama e uma das minhas maiores felicidade é ir aos jogos em São Januário com as crianças, meu irmão e meu pai. Faço isso uma vez a cada dois meses. Assim sendo, estaremos apenas mais 264 vezes juntos no Caldeirão.
Minha mãe me manda mensagens de Shabbat Shalom às sexta-feiras à noite no WhatsApp, sempre junto com uma imagem bonita de flores ou pombos da paz (mãe judia, né?!). Eu terei apenas mais 1.080 chances de responder com amor e gratidão por tudo o que sempre fez e faz por nós.
Amo ler. Em média leio 15 livros por ano. Isso significa que lerei apenas mais 720 livros, muito menos do que aqueles que já estão à espera em minha estante.
Temos muitos amigos e com eles saímos uma vez ao mês. Teremos apenas mais 576 “vale-nights” pela frente.
Amo o samba e o Carnaval carioca. Serão apenas mais 48 apresentações da verde e rosa que verei de perto na Sapucaí.
Amo o mar de Ipanema, mas mergulho pouco nele. Se eu continuar assim serão apenas mais 120 mergulhos.
Colecionei dezenas de mentores na vida e com eles aprendo muito. Em média converso com eles três vezes ao ano. Terei menos de 150 aulas pela frente.
Eu sei, o exercício é angustiante e por isso você pode até tentar fugir e ignorar esse “problema”, mas recomendo que o encare de frente para que possa repriorizar a vida de maneira que ela seja vivida da forma que verdadeiramente deseja.
Assim como colocamos metas desafiadoras em nossas vidas profissionais, esse exercício nos permite maior consciência para que possamos também nos impor metas desafiadoras em nossas vidas pessoais.
Seres humanos passam a maior parte dos seus dias fazendo contas, se relacionando profissionalmente ou jogando tempo fora nas mídias sociais. Nossos dias são recheados com reuniões, sprints, posts, análises de resultados, all hands, 1a1’s, comex, N1’s, planejamentos estratégicos, reuniões de conselho, team buildings, eventos de networking e até inventamos uma ciência para estudar como a experiência do consumidor ou “customer experience” pode ser melhor, a chamada CX.
Esse artigo não pretende criticar nossas vidas profissionais, elas já são foco de escrutínio e análise em milhares de livros e publicações mundo a fora e, sinceramente, não acredito que estejamos ocupados demais para viver a vida e sim, nos casos em que não a estamos vivendo como desejamos, estamos, isso sim, desorganizados demais. Tempo é uma questão de prioridade.
Esse artigo pretende apenas sugerir que o leitor/CEO/COO/CMO/CFO ou “whatever” “O” determine também um “north star objective” para sua vida pessoal: Viver para estudar, pensar e construir a melhor LX, “life experience”, possível. E que para determiná-la você dedique tempo pensando sobre os mais relevantes “objectives e key results” (OKR’s) daquilo que verdadeiramente importa na sua jornada de maneira que você possa bater todas as suas metas não no final do ano, mas no final da vida. Pura vida!
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