Quando somos movidos pelo amor e pelo propósito, nada é impossível por mais doloroso e difícil que seja o caminho

Em “O Monge e o Executivo” (ed. Sextante), James Hunter nos ensina que liderança é “a habilidade de influenciar pessoas a trabalhar entusiasmadas, visando a objetivos comuns e inspirando confiança por meio da força do caráter.”

Jack Welch afirmava que não se considerava um CEO, mas um CVO, “Chief Vassoura Officer”, pois, em sua visão, o bom líder aponta o caminho, alinha o interesse de todos na direção correta e depois se dedica a limpar as burocracias e obstáculos que impedem o time de avançar.

Em “O Jogo Infinito”, Simon Sinek diferencia líderes finitos de infinitos. Os líderes infinitos entendem que as empresas jogam um jogo sem fim, duradouro, e seus maiores concorrentes são elas mesmas, e não outras empresas.

A bibliografia sobre liderança é vasta, mas, em minha humilde opinião, não existe um “líder mais ou menos”. Existem bons e maus líderes, que chamarei de líderes infinitos e finitos, respectivamente. Este artigo aborda as diferenças que observo entre eles:

O líder infinito delega e distribui responsabilidades, a relação é de confiança e liberdade. O líder finito é centralizador e lidera por comando e controle.

O líder infinito lidera pelo exemplo; o finito, pela autoridade e pela hierarquia.

O líder infinito segue a bússola; o finito, o velocímetro.

O líder infinito incentiva a inovação para criação de novos mercados e avenidas de crescimento. O finito, olhando apenas para o presente, não compreende o que é inovação.

O líder infinito vê na própria empresa seu maior concorrente e busca melhorá-la continuamente. O finito está focado em vencer concorrentes externos.

O líder infinito assume a responsabilidade pelos erros e dá crédito ao time pelos acertos; o líder finito faz o oposto.

O líder infinito cria um ambiente de negócios movido por um propósito maior e do qual as pessoas possuem orgulho de fazer parte. O líder finito cria um ambiente de negócios movido exclusivamente pelo dinheiro e por isso, em tempos de vacas magras, ou perde as pessoas ou o próprio emprego.

A liderança infinita não teme abrir mão da visão de curto prazo caso ela atrapalhe a visão de longo prazo. A liderança finita, por não possuir visão de futuro, cria um ambiente de negócios exclusivamente motivado pelo curto prazo.

O líder infinito enfrenta conflitos de maneira construtiva, transformando limões em limonadas. O líder finito os entende como ameaças.

O líder infinito tem paixão por desenvolver pessoas, apoiando-as pessoal e profissionalmente e olhando sempre para a agenda da companhia. O líder finito mobiliza as pessoas para o que é melhor apenas para sua própria agenda.

Tenho a sorte de ter convivido com muitos líderes inspiradores e de ter conhecido muitos outros estudando suas histórias em livros, documentários e artigos. Todos impactaram profundamente minha vida e minha forma de liderança.

Recentemente, assisti ao documentário sobre Céline Dion, inegavelmente uma líder infinita. Nele, ela expõe sem filtros a sua luta contra a Síndrome da Pessoa Rígida, que dentre diversos sintomas, provoca espasmos musculares severos. A terrível doença afetou a mobilidade e a voz da cantora, tirando dela a sua alma, a música e os palcos. O inspirador documentário traz consciência sobre a doença e presenteia o espectador com uma verdadeira aula sobre resiliência, ao mostrar a incansável batalha da cantora para se recuperar e voltar a cantar. Um verdadeiro show de coragem, amor ao ofício e liderança infinita.

Termino este artigo refletindo sobre as duas falas de Céline que mais me fizeram pensar:

“Fazer um show é fácil. Difícil é cancelá-lo.”

“Quando puxo o ar, meus pulmões expandem, mas os músculos ao redor não deixam minha voz sair. Sou uma artista. Preciso cantar.”

Céline retornou triunfalmente aos palcos na abertura da Olimpíada de Paris. “Hymne à l'amour”, de Édith Piaf, a música escolhida pela cantora, ensina que, quando somos movidos pelo amor e pelo propósito, nada é impossível por mais doloroso e difícil que seja o caminho.

Nada é capaz de parar o líder infinito, porque para ele o show sempre tem de continuar.