27 de jun. de 2023

Rony Meisler
O desfile de moda masculina da Louis Vuitton, do genial cantor, compositor e produtor multimídia Pharrell Williams, é uma aula de liderança.
Começamos a fazer varejo de moda no Brasil há quase 18 anos, como “outsiders” nesse mercado, sem nenhuma experiência prévia. Eu, engenheiro de produção de formação e meu sócio e cofundador, Fernando, publicitário. Otimistas, víamos aquilo como uma vantagem e como uma desvantagem.
A desvantagem: Não entendíamos nada de moda. A vantagem: Não entendíamos nada de moda. A falta de conhecimento técnico sobre o produto e sobre a forma de comunicar e vender era uma clara desvantagem. Mas também era uma vantagem pois nos permitiu questionar as “regras” de mercado.
Há uma enorme oportunidade de fazer diferente, acertar e se destacar onde os outros têm medo de errar.
Fomos, pouco a pouco, fazendo diferente e atraindo para nosso negócio gente que pensava “fora da caixa” como nós. Colaboradores, consumidores, fornecedores e comunidades ao redor da nossa empresa.
E assim, vivendo para o nosso propósito de cuidar, emocionar e surpreender as pessoas todos os dias, fomos construindo nossas marcas, cultura de negócios, produtos digitais, campanhas, desfiles, lojas, projetos socioambientais e coleções que se preocupam mais em dialogar com a sociedade do que necessariamente vender nossos produtos. A venda sempre
Não à toa, na terça-feira (20), me emocionei assistindo ao desfile de moda masculina da Louis Vuitton. O nível de expectativa era alto pois seria o primeiro desfile da marca após a morte precoce de Virgil Abloh, o homem que, através de seu brilhante trabalho, convenceu os amantes da “maison” francesa, e de todas as outras, a se aproximarem das ruas transformando “sneakers”, camisetas e jaquetas “varsity” em objetos de luxo. Seu sucessor é um “outsider” dessa indústria: O genial cantor, compositor e produtor multimídia Pharrell Williams.

Pharell claramente percebe a moda não apenas como um retrato da contemporaneidade, mas como uma proposta de caminho de futuro. Entende que moda deve ser diálogo e não monólogo.
Confesso que me decepcionei com a alfaiataria clássica do começo do desfile, primeiro porque não poderia ser o Pharrell (uma espécie de Santo Graal do “streetwear”) e segundo porque seria um retrocesso ao trabalho de seu amigo Virgil, que levou a marca para as ruas.
Tolinho eu. Ele só queria demonstrar respeito à história clássica da marca e mostrar que dá para juntar lindamente mundos diferentes. Mesmo quando eles parecem opostos.
Começa, ufa, a entrar o “streetwear”. Os camuflados e os quadrados marrons da Vuitton são subvertidos não apenas pelos verdes, mas também por amarelos, vermelhos e roxos. Diversidade.
A Vuitton começa a misturar os clássicos do passado com o “streetwear” do presente à luz do futuro dos “games” e do Minecraft e ao som, que substitui o da orquestra sinfônica, do louvor das vozes do coral do gospel Voices of Fire também todo de branco. O louvor cresce e pede por alegria. “Joy”! Porque “Happy” o diretor criativo já cantou muito.
O último bloco vem, óbvio, todo branco. Alegria e paz. Paz e amor. E daí vem o Pharrell na entrada final. Ahhh, o Pharrell.
Ele agradece ao Bernard Arnault pela aposta, abraça a família, que entra na passarela vestindo a mesma roupa que ele (família de verdade veste a mesma camisa) e quando eu já estava todo arrepiado ele acaba de me arrebentar: entra o time da Vuitton e ele se ajoelha diante deles. Para agradecer àqueles que fizeram e fazem acontecer todos os dias.
Essa resenha não é sobre um desfile de moda. É uma aula de liderança, de coragem e de certeza de que por maiores que sejam o desafio e a falta de experiência, quando fazemos com amor, verdade e significado, absolutamente tudo é possível.
Gostaria de sugerir que assistam ao desfile: eu.louisvuitton.com/eng-e1/magazine/articles/men-spring-summer-2024-paris
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