2 de jul. de 2024

Rony Meisler
Quando pensamos simples, observamos também os problemas do dia a dia para os quais ninguém olha e que podem gerar grandes ideias
Esse artigo pretende desconstruir três das “lendas urbanas corporativas” que, pela má compreensão, geram complexidades desnecessárias nos negócios e em nossas vidas.
Importante explicar que a argumentação que usarei para isso não faz parte de qualquer método ou tecnologia e sim, apenas, de opinião pessoal vinda da observação prática dos negócios e suas coisas.
Primeira lenda urbana: criatividade é vocação.
É óbvio que você nasce com maior ou menor aptidão criativa, mas se você não se considera criativo lhe afirmo que a criatividade é absolutamente treinável e te explico como:
Se “quanto mais você treina mais sorte você tem” saiba também que quanto mais você estuda e busca novas referências mais criativo você será.
Olhe para baixo e veja o que você está vestindo nesse momento. Por que cargas d’água você escolheu usar esse vestido com esse sapato? Por que combinou essa camisa com essa calça? Por que misturou esses acessórios? Te respondo com convicção: Porque em algum lugar, na rua, em uma revista ou em um filme, você viu pessoas usando coisas semelhantes, seu cérebro armazenou essas referências e hoje de manhã, ao abrir o seu armário, voilà, a ideia veio como um passe de mágica na sua cabeça.
Agora pense numa lancha. Você, assim como eu, deve achar a lancha uma baita de uma invenção, certo? O cara que inventou a lancha não inventou o barco e nem tampouco o motor. Ele só teve a brilhante ideia de juntar os dois.
Criatividade definitivamente não nasce em árvore. Nasce em livros, filmes, espetáculos, viagens, revistas, exposições etc. Quanto maior a quantidade de referências você tiver maior será a quantidade de análises combinatórias que, quando precisar, seu cérebro vai “mix and match” para te entregar uma ideia criativa.
Segunda lenda urbana: inovação é tecnologia.
Ao longo do tempo aprendi a explicar o que para mim é inovação de uma maneira muito simples: Quando você se coloca em um lugar de escuta e descoberta sobre os problemas das pessoas, desenvolve soluções para eles e as ensina como usar, essa solução é uma inovação.
E ela pode ser um novo processo, uma campanha interna ou externa, um novo departamento, uma nova tecnologia ou qualquer outra solução. A matéria-prima da inovação, portanto, é a audição e não a tecnologia. Quanto mais nos colocamos abertos a escutar o problema das pessoas mais inovamos.
Por outro lado, quando for o caso, tecnologia não é fim e sim meio para desenvolver produtos/inovações que resolvem problemas.
Terceira lenda urbana: a diferenciação vem da cópia de boas iniciativas.
Para lhe convencer do contrário cito aqui a “tese da diferença” nos negócios explicado pela Young Mee Moon, professora da Harvard Business School, no livro Different:
Quando um negócio dá certo ele rapidamente se estabelece como o status quo e a maior parte do mercado passa a considerá-lo como o modelo a ser seguido.
A longo prazo a consequência disso é que todos os negócios se tornam similares e, portanto, os negócios que mais se destacam não são aqueles que seguem o status quo e sim aqueles que focam em suas fortalezas e características individuais.
Portanto, posso lhes garantir, no longo prazo os negócios diferentes são os negócios que são de verdade e que compreendem o fato de que não existe autenticidade com unanimidade concomitante.
Isso não significa, que fique claro, que boas iniciativas e processos não devam servir de inspiração para melhorar a eficiência dos negócios. Minha opinião é apenas de que elas não levam à diferenciação.
Em um mundo em constante busca pelas “iniciativas disruptivas”, “moonshots” e “unicórnios” penso que existe uma enorme oportunidade nos pequenos problemas do dia a dia.
Por isso, ao invés de um grande tema, resolvi escrever um artigo sobre três pequenos temas com o objetivo de colocar seus pés no chão e seus olhos focados em olhar com mais simplicidade para os negócios.
Quando pensamos simples, observamos também os problemas mundanos do dia a dia para os quais ninguém olha. E neles moram gigantes pequenas possíveis revoluções.
Preencha o formulário com suas sugestões, ideias ou dúvidas e, em breve, farei contato pra te ouvir ;)