30 de mai. de 2023

Eu tenho um sonho.

Eu tenho um sonho.

Rony Meisler

São as pessoas que falam com a verdade e a pureza do coração que mudam as coisas.

Eu assisti ao filme “AIR” que se propõe a contar a história de como a Nike se uniu ao jogador de basquetebol Michael Jordan, para revolucionar o negócio do sportswear no mundo e a reboque criou - junto com a genial mãe do atleta - o modelo de negócios bilionário, que hoje todos nós, de maneira chiquérrima, chamamos de “media for equity”.

Entretanto esse artigo não se propõe a narrar o filme, tampouco seus personagens principais. Ele propõe uma reflexão a respeito de uma pequena cena, de não mais que três minutos.

Nela, Sonny Vaccaro (Matt Damon), o executivo da Nike responsável por contratar Jordan numa concorrência com Adidas e Converse, pede uma conversa com seu amigo, padrinho de casamento e notório treinador de basquete universitário George Raveling (Marlon Wayans) para pedir que o ajude a convencer Jordan - também seu amigo - a aceitar a oferta da Nike.

George então diz para ele que as chances eram remotas, pois Jordan odiava a Nike e preferia a Adidas (aliás, Vaccaro brilhantemente o fez mudar de ideia), mas a conversa não acaba aí.

George resolve contar para Vaccaro uma história que em minha opinião é muito mais interessante - e inédita - do que a do filme.

Ele conta que, meio por acaso, acabou sendo um dos seguranças que estavam no palco na ocasião do histórico discurso de Martin Luther King Jr no Lincoln Memorial em Washington no dia 28 de agosto de 1963. E que naquele dia quando o pastor começou a ler seu discurso, ele não conseguiu reter a atenção dos milhares de presentes até o momento em que falou a frase que se tornou o símbolo na luta pela inclusão e contra o racismo: “I have a dream”. E que a partir daí tudo mudou e a multidão veio junto com ele para fazer história.

Então, na saída do palco, ao parabenizar Martin Luther King Jr pelo emocionante discurso, George ganhou dele de presente o papel com o discurso que ele havia lido. Para sua surpresa, nada do que ele havia dito, inclusive a frase “I have a dream”, estava escrito naquele pedaço de papel.

“Ao perceber que o que ele escreveu com a voz da razão não estava tocando o coração da multidão, o pastor resolveu falar com a voz do coração e mudou o mundo contemporâneo para sempre”, disse George, em tom de aconselhamento, para Sonny.

Fale com o coração, porque são as pessoas que falam com a verdade e a pureza do coração que mudam as coisas. São as vozes do bem, que lutam contra o mal e mudam o mundo.

Meus artigos costumam ser uma curadoria (ou edição) de referências, talvez por consequência de uma possível dislexia, ainda não diagnosticada, ou por modelo mental mesmo, porque é assim que penso.

Digo isso porque eu assisti ao filme alguns dias antes do jogo do Real Madrid com o Valencia. Quando eu ouvi os racistas, quando eu percebi a reação do Vini Jr, quando eu, em meu lugar de privilégio, (não) pude sentir a dor dele, eu, ao mesmo tempo, tive uma visão:

Aquele campo estava cheio de homens negros. E, entre eles, se por um lado o destino deu ao Vinicius o maior dos talentos, também deu a ele a maior das humilhações.

Vini foi emocionalmente torturado em campo por dezenas de minutos até ser, que loucura, expulso. Após isso, apesar das inúmeras críticas e manifestações de repúdio público no mundo todo, nada de concreto, até o envio deste artigo ao Valor, foi feito a respeito do crime ocorrido naquele estádio.

Isso não pode estar acontecendo por acaso. E é aí que as histórias começam a se misturar em minha cabeça, porque eu consigo enxergar Vinicius, não no Lincoln Memorial, mas no meio do Santiago Bernabéu lotado, com um microfone na mão.

O menino pobre, que saiu de São Gonçalo e foi para o Real Madrid aos 16 anos para encantar o mundo com seus dribles magistrais, tem aqui a oportunidade histórica de falar não mais apenas com os pés, mas com o coração.

Usar esse megafone, que os racistas colocaram em sua boca, para falar para o mundo sobre o seu sonho de acabar com o racismo no esporte e de liderar um movimento para revisão imediata das políticas desportivas e pela união dos profissionais do esporte contra o racismo.

Vini, você já é enorme sozinho, mas saiba que é imbatível, porque tem quase um continente chamado Brasil ao seu lado. Nós não vamos parar de fazer barulho, enquanto as coisas não mudarem. Nem mesmo em um jornal voltado a economia e negócios.

Não pare, brother. De driblar, de falar e de nos chamar. Não pare.

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