25 de jul. de 2023

“Don’t look up!”

“Don’t look up!”

Rony Meisler

A matéria prima da inovação não é a tecnologia. É a audição - devemos ouvir os colaboradores, clientes, fornecedores e comunidades ao redor de nossas companhias

Começamos nosso negócio em 2006 apenas com R$ 6 mil e esse foi o total da grana que investimos até hoje. Eu, engenheiro, e meu sócio, publicitário, tínhamos 23 anos de idade quando largamos nossos empregos em empresas de renome para investir em uma marca de moda masculina enquanto as pessoas nos estimulavam dizendo que “homens não compram roupas”.

Nascido em 1981, eu sou um millennial. Dizem que a minha geração não precisou se adaptar à transformação digital, pois, como protagonista, usou-a para empreender.

E é justamente aí que, ao meu ver, começa o “inferno astral” dessa geração e de todas que vieram depois dela.

Foram poucos os que protagonizaram a chamada disrupção tecnológica dos últimos 20 anos, mas a causa-efeito dessa transformação gerou em todos que vieram depois deles a “obrigação” consciente e inconsciente de empreenderem os próximos Googles, Metas, Amazons e Apples.

Nas empresas, escolas e universidades criou-se o inconsciente coletivo de que “ou invento o próximo Instagram ou serei um perdedor”.

A você leitor, eu sei que a pressão é grande, mas lamento informá-lo; por mais que tente muito, estatisticamente falando, é bastante improvável que você se torne o próximo Mark Zuckerberg.

Voltando para o meu negócio. Começamos pequenos, vendendo bermudas de praia de porta em porta, depois evoluímos a um negócio de venda de nossos produtos para revendas de todo o país para, aí sim, com o dinheiro que juntamos, abrirmos a primeira loja de 33 metros quadrados na rua Maria Quitéria, em Ipanema. Loja posteriormente ampliada para 66 metros quadrados e onde estamos até hoje. A primeira das quase 200 lojas e mais de 3 mil revendas de multimarcas que vieram depois.

Varejista judeu não tem “laboratório de inovação”. Tem “lujinha”. Não tem “squad” de tecnologia. Tem um grupo pequeno de gente boa e apaixonada pelo negócio, trocando ideias com os clientes para entender o que querem para melhor atendê-los. Não tem um “business”; é o próprio “business”. Não tem “pitch” de investimento, é “bootstrapping”. Não tem “modelo de gestão”, tem valores e cultura judaicos: visceralidade, resiliência, amor, família, vendas, filantropia e, principalmente, foco nos fregueses.

E assim fomos crescendo até que, 12 anos após a abertura da primeira loja, recebemos um telefonema que foi um marco em nossa história.

A prestigiada revista “Fast Company” havia nos escolhido uma das empresas mais inovadoras do mundo ao lado das “big 4” que citei no início do artigo. Eu obviamente morri e perguntei para a jornalista que nos ligou: Por quê?

Apesar de muito digitalizados, não éramos uma startup de tecnologia e sim uma pequena empresa brasileira de varejo de moda.

Esse artigo não é sobre a honra que nos foi concedida, e sim sobre a resposta que a revista me deu, que mudou para sempre a minha forma de ver e pensar inovação. É mais simples do que a “inovação de prateleira” que os livros de negócios e os empreendedores de palco nos ensinam.

Eles responderam citando alguns dos projetos que lhes chamaram atenção: o Reserva 1p5p, de combate ao desperdício alimentar e à fome em nosso país, a nossa licença paternidade de 45 dias; o [faça.vc], sistema que desenvolvemos em que nossos clientes criam as suas próprias roupas; o sistema “print on demand”, que otimiza estoques, causando menor dano ao meio ambiente; e o cara ou coroa, projeto que emprega “jovens” acima de 70 anos em nossas lojas.

Após desligar o telefone, a ficha que caiu foi tão simples quanto poderosa. O fato de termos nos tornado uma das empresas mais inovadoras do mundo não se deu por um foguete que mandamos para a lua, mas pelas soluções que ao longo do tempo fomos dando, e bem comunicando, para os pequenos problemas do dia a dia.

Situações que possivelmente todas as empresas, e você que me lê agora, encontram pelo caminho, mas que ao focarem irrestritamente na chamada “disrupção de mercado”, não se dedicam com foco em solucioná-las.

Há uma enorme revolução a ser feita nos processos do dia a dia de nossos colaboradores, clientes, fornecedores e comunidades ao redor de nossas companhias, mas normalmente, distraídos, olhando para o céu, nem ao menos prestamos atenção nelas.

A matéria-prima da inovação não é a tecnologia. É a audição.

Quanto mais conversamos, olhamos no olho e verdadeiramente escutamos sobre os problemas do cotidiano das pessoas e dos negócios, independentemente de tamanho, mais seremos capazes de prover soluções para elas e, por consequência, inovar.

Possivelmente, ao ler esse artigo, você se lembrou de um monte daqueles probleminhas que você vive reclamando, mas nunca tentou consertar, né?

Portanto, pare de olhar para o céu, chame uma turma boa para trampar junto na solução e, voilà, você estará tirando onda “disrupting your market”.

Don’t look up!

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